Investimentos em títulos de renda fixa isentos superam resgates dos fundos em 2023

Os investimentos em títulos de renda fixa isentos de imposto de renda alcançaram R$ 283,9 bilhões em 2023, até novembro, e foram maiores que os resgates dos fundos de investimentos no ano passado, de R$ 127,9 bilhões. O dado foi apresentado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em uma […]

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Os investimentos em títulos de renda fixa isentos de imposto de renda alcançaram R$ 283,9 bilhões em 2023, até novembro, e foram maiores que os resgates dos fundos de investimentos no ano passado, de R$ 127,9 bilhões. O dado foi apresentado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (9) e aponta o que já se tinha um cheiro: esses papéis roubaram a cena.

As aplicações em letras de crédito do agronegócio (LCAs) aumentaram 34,6% , para R$ 106,6 bilhões, enquanto os investimentos em letras de crédito imobiliário (LCIs) avançaram 46,7%, para R$ 100,9 bilhões. As aplicações em certificados de recebíveis do agronegócio cresceram 36,2%, para R$ 26,2 bilhões, enquanto os investimentos em letras imobiliárias garantidas (LIGs) subiram 23,8%, para R$ 20,6 bilhões.

Títulos de renda fixa que não são isentos de imposto de renda atraíram investidores também. As aplicações em CDBs aumentaram 16,8%, para R$ 119,8 bilhões, e os investimentos em títulos públicos avançaram 21,4%, para R$ 28,8 bilhões.

O que aconteceu em 2023 é que, apesar de começarem os cortes de juros, as taxas não caíram tanto assim e a percepção de risco dos investidores continuou alta na maior parte do ano. Nesse ambiente, os títulos de renda fixa, principalmente os isentos de imposto de renda, foram imbatíveis na competição com os fundos e os investidores migraram para esses papéis. Além de darem maior remuneração com riscos baixos, os títulos não cobram taxas de performance e de administração altas, como os fundos.

A Anbima apontou que os resgates de R$ 127,9 bilhões da indústria de fundos em 2023 não foram uniformes ao longo do ano. As retiradas foram maiores no começo, de R$ 122,3 bilhões no primeiro semestre, e bem menores no segundo semestre, de R$ 5,6 bilhões.

A captação só não foi positiva no segundo semestre porque saíram R$ 74,5 bilhões dos fundos em dezembro, com saques do setor público que são frequentes nessa época do ano. Aconteceram aplicações na renda fixa no segundo semestre, de R$ 13 bilhões, enquanto os maiores resgates dos fundos multimercados foram nos últimos três meses do ano.

Ainda não dá para dizer que está havendo uma migração da renda fixa para classes de maior risco, como os fundos multimercados e os fundos de ações, afirmou Pedro Rudge, vice-presidente da Anbima.

“A captação dos títulos de renda fixa isentos de imposto de renda continua forte, mas em algum momento ao longo do primeiro semestre veremos uma recuperação dos fundos de maior risco”, afirmou. “Chegamos a perceber um pouquinho desse movimento em alguns meses, mas ainda é incipiente”, disse.

Ele acha que com os cortes de juros em 2024, a tendência é de aumento da atratividade dos fundos de maior risco. “Com a queda de juros, a diminuição da aversão ao risco e uma eventual melhora na rentabilidade dos fundos multimercados, essa classe voltará a captar”, afirmou. “Parace que os últimos meses foram atípicos para os fundos multimercados em relação à média histórica e que eles devem retornar para captação positiva. Tudo vai depender da performance”, disse.

Ao analisar as remunerações, boa parte dos fundos multimercados perde para o CDI, indicador de referência, enquanto em geral os fundos de renda fixa expostos a crédito superam esse índice. Já a maioria dos fundos de ações sem compromisso de concentração em papéis supera o Ibovespa no ano.

Rudge afirmou que com o rendimento ruim de muitos fundos, é compreensível que os investidores busquem alternativas, mas destacou que a diversificação é importante. “O desempenho dos fundos de ações mostra a importância da diversificação, de ter um percentual diferente em cada classe de ativos. Em alguns meses muitos estavam negativos, mas eles terminaram o ano positivos”, disse. “O ano foi bastante volátil e aqueles com paciência e visão de médio prazo acabaram se beneficiando”, acrescento.

Data

10 January 2024

Categoria

Capital Markets