Títulos do agronegócio crescem, mas falta de conhecimento do setor limita expansão, avalia CVM

Fiagros cresceram 40% no 1º semestre de 2023, em comparação com os seis meses anteriores

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Títulos ligados ao agronegócio como Fundos de Investimento nas Cadeias Industriais (Fiagro) vêm crescendo a um ritmo acima de segmentos tradicionais como renda fixa ou renda variável, e ainda há espaço para expansão, avalia a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A falta de conhecimento sobre o mercado de capitais ainda é um entrave para o empreendedor rural acessá-lo, na visão do regulador, que busca uma aproximação com o setor para reduzir essa lacuna.

Os dados mais recentes da CVM mostram que os Fundos de Investimento nas Cadeias do Agronegócio (Fiagro) cresceram 40% no primeiro semestre de 2023, em comparação com o período imediatamente anterior. O patrimônio líquido saltou de R$ 10,5 bilhões para R$ 14,7 bilhões. O Fiagro imobiliário representa 83% deste valor.

Segundo a CVM, no mesmo período, “observou-se um crescimento médio de 4,82% no consolidado do mercado que compreende renda fixa, renda variável e fundos de investimento”, que passaram de R$ 12, 82 trilhões em dezembro, para R$ 13,44 trilhões em junho.

Já os certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) cresceram 5,54% no período, de R$ 95,70 bilhões para R$ 101 bilhões, na mesma base de comparação. O CRA, por sua vez, é o principal ativo investido dos Fiagro, e correspondia a R$ 8,3 bilhões em junho.

O crescimento dos títulos ligados ao agronegócio se dá porque ainda há uma grande diferença entre a participação do agro no mercado de capitais, que representa cerca de 3% a 4% das operações, em comparação com a representatividade do setor na economia, que chega a 25% do Produto Interno Bruto (PIB), diz o superintendente da CVM, Bruno Gomes.

Segundo ele, o ecossistema de gestores e securitizadoras especializadas no tema impulsionam o setor, mas, na ponta, ainda há um desconhecimento do “empreendedor rural”, que acaba limitado ao crédito bancário convencional quando precisa se financiar.

Um dos pontos que esses empreendedores precisam buscar é a melhoria da governança, diz o superintendente. “Uma lacuna de governança que esses empreendedores eventualmente tenham não é nada que vai impedir o desenvolvimento do setor”, afirma Gomes.

Aproximação entre mercado e agronegócio

Buscando uma aproximação entre o mercado de capitais e o agronegócio, desde o ano passado a CVM realizou eventos em cidades como Sinop (MT), Chapecó (SC) e Ribeirão Preto (SP), reconhecidos pela forte atuação no setor. No fim do ano, está previsto um encontro na capital paulista, que buscará reunir associações e cooperativas que representam o agro. Recentemente, a autarquia também adicionou “Agronegócio” à Superintendência de Supervisão de Securitização, liderada por Bruno Gomes, como sinal dessa aproximação.

“Promover acesso dos produtores rurais ao mercado de capitais é uma das ações que compõem o que temos chamado de open capital markets – mercado de capitais aberto”, disse em nota o presidente do regulador, João Pedro Nascimento.

A CVM deve divulgar até o final do ano a audiência pública para a regra definitiva de Fiagro, e a norma deve ser editada em 2024. “Esperamos, com isso, que o agronegócio conheça e se reconheça cada vez mais dentro do mercado de capitais”, completa.

A lei 14.130 criou o Fiagro em junho de 2022 e, na sequência, a CVM fez uma regra provisória que permite a constituição de três tipos: imobiliário, de direitos creditórios e de fundos de investimentos em participações (FIP). Antes mesmo da regra definitiva, o título passa por uma mudança relevante. Com a nova regra de fundos de investimentos (resolução 175), que entrou em vigor no início do mês, os Fiagro de direitos creditórios poderão ser oferecidos às pessoas físicas.

Data

11 October 2023

Categoria

Capital Markets